Chat GPT - Alucinação e personalidade do Ano
Esse ano de 2023 podemos afirmar sem medo de errar que, no que concerne a cultura digital, foi da inteligência artificial.
A inteligência artificial é um campo da ciência não muito novo que surge em meados dos anos 1950 nos Estados Unidos e vem se desenvolvendo desde então.
As redes sociais funcionam por causa dos algoritmos de aprendizado que nos recomendam coisas.
No entanto, a IA ganhou grande destaque a partir do que se chama de inteligência artificial generativa, cujo expoente é o chat GPT.
Esta IA é conversacional, escolhendo uma boa combinação de palavras formando textos a partir de textos e imagens que encontra na Internet, podendo assim responder a diversas questões e realizar tarefas.
Pois bem, esta semana, duas notícias interessantes apontam para a evidência desse destaque.
Primeiro, o dicionário de Cambridge elegeu como palavra do ano "Hallucinate", que em português significa "Alucinar".
"Alucinar" é a expressão que os engenheiros de software usam para dizer que uma inteligência artificial erra, quando produz resultados que não tem nada a ver com a pergunta ou o contexto.
Como sua função é combinar palavras e responder, elas sempre oferecerão um resultado, mesmo que este seja equivocado. Por isso todo cuidado é pouco.
O termo pode parecer estranho, mas é bem apropriado. Quando relacionado A humanos, alucinar significa errar, enganar-se, perder a razão, perder a capacidade do entendimento. Ora, é exatamente isso que fazem quando erram essas inteligências artificiais. E quando acertam, não sabem que acertaram, não entendem o contexto e não aprender de forma complexa. Podemos dizer que elas alucinam e quando acertam, se alienam do mundo.
Uma outra notícia reforçando a importância do tema, essa ainda mais intrigante é que a revista Nature, uma das mais importantes do mundo da ciência, elegeu, pela primeira vez um não-humano como personagem do ano.
Esse não-humano é o chat GPT. A justificativa é que ele tem auxiliado os cientistas e os pesquisadores nos seus trabalhos. Ora, essa noticia é estranha pois justamente pesquisadores e cientistas têm chamado a atenção para as alucinações dessas IAs.
O estranho não é eleger um não humano. Isso é até um bom sinal. E não é novo.
A revista Time elege, desde 1927, a personalidade do ano. Em 1982, foi o computador em 1988 o planeta Terra.
O reconhecimento dos não-humanos como agentes importantes na constituição dos social é importante e mesmo urgente. O planeta Terra foi escolhido em 1988, mas tem sido muito mal tratado.
O documento final da COP deste ano é tímido em relação aos freios aos impactos que ação humana causa no planeta (pela ação com não humanos) e aos outros não humanos (outros animais e seres da Terra).
Talvez estejamos nós alucinando, perdendo o contexto, como o Chat GPT. Quando reconhecermos mais a ação dos não-humanos, talvez possamos entender melhor o papel do planeta nas nossas vidas e enfrentar assim a questão do antropoceno que nos está destruindo como espécie.